E se tiver medo, vai com medo mesmo!
- Renata Santos
- 3 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de set. de 2020
Em minha formação como doula e em todas as andanças no maravilhoso mundo de gestar e parir, o medo sempre foi um tema importante. Não há como dizer a uma gestante que não tenha medo algum do que há por vir.
A mãe nasce de parir a sua cria. Antes há uma grávida, depois do parir se faz a mãe. E isso não é pouca coisa.

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Não há como saber, antes de seu filho chegar, como será a maternidade. A vida real, com seu filho do lado de cá.
As noites sem dormir e o amor que explode no peito. As dificuldades e as maravilhas, andando lado a lado.
E há o momento exato em que se passa de uma realidade a outra. Após a gestação há o parto.
O significado imenso de parir ainda será tema de texto futuro. Experienciar com toda profundidade e entrega o nascer-se mãe e nascer-te o filho é algo que catapulta nossas capacidades.
O ato de parir empodera, engrandece, nos faz ter um pouco mais de noção do tamanho do poder de gerar.
E na hora de parir e na preparação para este ato, uma frase sempre foi marcante, nas doulagens: "Se tiver medo, vai com medo mesmo". Sim, quando o parir chega, precisa da integridade do seu ser. Com medo ou sem medo, a entrega é necessária. E a qualidade da vivência dessa entrega e deste rito afeta completamente a estrutura emocional da mãe que daí nasce.
Um ato de amor
Vejo um paralelo maravilhoso na arte de parir as nossas próprias realidades. É um ato de entrega, amor, perseverança e integridade total. Mas diferentemente de um bebê no ventre, que tem um relógio biológico que o fará sair dali, aquilo que desejamos ver no mundo tem a escolha de ser parido ou não por nós. E isso também é muita coisa. Nesse momento a frase "Se tiver medo, vai com medo mesmo" pode ir se borrando nas gotas das lágrimas escorridas com a dúvida que brotou na alma.
Talvez nossa pior escolha seja exatamente essa: a dúvida. Ela nos deixa gestantes eternas de uma realidade não parida, interrompida antes de vir à vida. Mas é a nossa vida que se aborta, nesse caso.
Se ainda a coragem para parir sua nova vida não brotou no seu ser completamente, doule-a.
Embale-a, dê a ela água, comida, ofereça um chocolate quando a energia estiver indo embora. Faça reiki, dê amor, faça as pazes.
E lembre-a e a si de se movimentar. É no movimento que se embalam os fluxos da entrega do prazer de parir. É ali que encontramos a maré que embebe nosso destino.
E, na dança, apenas sinta. O círculo de fogo da cabeça é só o aviso de que seu filho está a cada segundo mais perto de ti. É o sinal maior da coragem de parir. Calma, respira mais uma vez. Mas algumas contrações e.... aí está.

Que lindo ser chega à Terra! Veja quanto cuidado ele necessita. Ame-o, abrace-o, cuide-o. É só um bebê, mas traz dentro todo o amor que há dentro de ti. E em seu peito, você descobre a fonte inesgotável do amor.
Paciência. Perseverança. Dedicação.
Amor. Crescendo e se nutrindo.
Parabéns, mãe!
Por Renata Santos Doula, mãe, terapeuta holística
e Guardiã do espaço Odara
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