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Camomila Romana - A Mulher Curadora

Atualizado: 12 de ago. de 2020

Costumo dizer que a camomila romana tem inicialmente uma conotação de cuidados infantis. Mas aprofundando o olhar, ela tem mesmo é o arquétipo da Mulher Curadora: a essência do Feminino, que por sua natureza amorosa, acolhedora e sábia (e tão poderosa!) está sempre na missão de curar as feridas das crianças, seja das propriamente ditas, seja da criança interior que nos habita, comumente presa no passado, arrastando frustrações, raivas, tristezas, e medo, muito medo, de ser ferida novamente. Camomila nos liberta das amarras passadas.

A camomila era das plantas mais usadas entre as mulheres antigas, com registros em documentos da inquisição onde era citada como prova da prática de bruxaria. Hoje em dia, fadada à plantinha dos chazinhos de bebê e das mulheres frágeis, sabemos que não era conveniente aos religiosos da época que essas mulheres tivessem seu poder creditado e reconhecido pelo povo. Imaginem que a camomila era usada principalmente no cuidado com seus ventres, a fonte criadora e criativa de onde emana seu grandioso poder feminino.

A Camomila é uma anciã. E por ser a velha e sábia mulher que já passou por todas as fases da Vida, é conhecedora das dores humanas.


Não se admira que o OE tenha propriedades tão analgésicas, atuando desde enxaquecas e nevralgias como a ciática, até a dor de dentição dos bebês. Conhece nossa dor na origem, e cura sem ferir. Acolhedora de todos nós. Por quantas e quantas vezes já deitei no seu colo e finalmente descansei...

Também é bálsamo para o sistema nervoso, muito bem indicado para pessoas nostálgicas, que sentem tristezas de causa desconhecida e também as que sofreram traumas profundos no passado, além de vícios e problemas comportamentais no presente.

Atua bem em todos os processos inflamatórios do corpo, mas especialmente os ginecológicos, gástricos e dérmicos, acalmando irritações e coceiras na pele tão bem quanto em todos os processos alérgicos, sejam cutâneos ou respiratórios.

Sua química feita majoritariamente de ésteres o torna um antiespasmódico potente com especial efeito neurológico, particularmente benéfico para todas as doenças neurodegenerativas que associam espasmos (como Parkinson), sendo também bem indicado para quem sofre de asma nervosa e cólicas de todos os tipos, das menstruais às típicas de bebês.


A camomila e eu


Em minhas vivências pessoais com a camomila, ela ocupou um lugar particularmente especial: esteve estrategicamente presente nos dois partos naturais e domiciliares através dos quais meus filhos nasceram e também eu, renasci. Digo estrategicamente, não porque se tratou de uma estratégia minha, mas porque o chá concentrado de camomila foi muito usado no período pós parto por indicação das Parteiras da Tradição que ajudaram no nosso nascimento, para auxiliar no processo de cicatrização das fissuras vaginais no intuito principal de evitar inflamações. Também foi utilizada com o mesmo fim para o umbigo dos bebês, logo que iniciavam o processo de cair, em forma de tintura.

Vejam que a estratégia a que me refiro, não foi de alguém especial, senão da própria sabedoria ancestral que habita todas nós, imaginem como não habitam as parteiras! Um saber antigo e sobrevivente em algum lugar nas nossas entranhas de consciência, que me fez ir aplicando aquele chá com tamanho cuidado em mim mesma...



Na época, pensava que o cuidado era porque qualquer toque faziam doer as feridas da vagina provocadas pelo parto. E sim, era. Mas não demorei a perceber que para muito além das feridas vaginais, a camomila foi um ritual de cura muito maior de mim para mim mesma. Quem pensou que a camomila fosse apenas a curadora alheia, enganou-se: Ela é a mulher curadora de si mesma também. E o ventre, um importante lugar de cura emocional, energética e espiritual de todas nós.


Ali, eu e a camomila fomos pouco a pouco nos curando da dor. Da dor do parto, do cansaço e das transformações que ele impunha, mas também de dores muito mais antigas, dores de toda uma crença de culpa que as mulheres carregam e por vezes nem percebem: a culpa de ser mulher.


A culpa que nos fizeram acreditar que tínhamos, que silenciou nossos gritos nos partos, nosso lugar de fala nos palanques, nossa cadeira à mesa das decisões. Oprimiu nosso corpo como ele é, nosso poder de decisão sobre ele, oprimiu até nossa menstruação, quem dirá nossos saberes, nossos rituais, nosso lugar político e social no mundo. Oprimiu muito daquilo que naturalmente somos enquanto mulheres.



Hoje em dia a camomila está presente em muitos cuidados de saúde física, emocional e energético da nossa casa. Mas continua ocupando esse lugar especial em mim, a Mulher da casa. Sempre que eu olho aquele saquinho de flores secas, ou aquele frasquinho de óleo essencial, eu naturalmente reforço em minha mente (e em minha alma): mas tu é porreta, hein mulher! E sorrimos amorosas e fortalecidas uma pra outra.


*O óleo essencial da camomila romana possui baixíssima toxidade, mas sempre é prudente consultar um aromaterapeuta para o uso seguro e adequado ao que se deseja tratar.


Camomila Romana A Mulher Curadora - Odara Terra de Cura
Camomila Romana A Mulher Curadora - Odara Terra de Cura

Shaele Rumayor

Aromaterapeuta

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